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Paulo Ghiraldelli deseja que Rachel Sheherazade seja estuprada em 2014

O machismo que se esconde por trás dos votos de estupro de um filósofo à apresentadora do SBT 

 Ketllyn Fernandes
*Artigo Atualizado


Estupro, crime hediondo mesmo que não resulte na morte da vítima ou lesões graves, conforme reiterou decisão unânime do Superior Tribuna de Justiça (STJ) em outubro de 2012. Aos estupradores, a Justiça brasileira determina punições mais severas, como por exemplo, só terem direito à progressão de regime depois do cumprimento de 2/3 da pena –– para outros crimes a progressão ocorre entre 1/3 e 1/2. A violação humana advinda do estupro é tão poderosa, que o abuso sexual chega a ser usado como arma de guerra, caso da República Democrática do Congo. O segundo maior país da África vê no estupro uma forma de atingir a sociedade como um todo em sua interminável guerra civil. Em um ano, 400 mil mulheres foram estupradas lá, segundo dados de 2011 da Associação Americana de Saúde Pública, o que equivale a 1.095 estupros por dia e 45 por hora.

A Índia virou manchete mundial este ano depois que uma estudante de medicina de Nova Déli morreu após estupro coletivo. A jovem, que foi estuprada ao mesmo tempo por vários homens durante uma hora dentro de um ônibus, tentou resistir, passou por quatro cirurgias, inclusive para transplante de órgãos. Dentre os principais problemas ocasionados pela violência contra a indiana estavam graves ferimentos no intestino. Mas a estudante de Nova Déli foi somente mais uma das 630 mulheres estupradas somente este ano na cidade conhecida como a capital do estupro.

Aqui no Brasil o caso mais recente, e tão estarrecedor quanto os demais apresentados, é o de detentos de São Luiz do Maranhão que ordenam estupro de irmãs e mães de rivais. Abusos estes que acontecem sob a conivência do Estado, uma vez que se dão durante visitas de familiares aos presídios.


A pesada introdução sobre estupro tem como intenção mostrar que desejar tal violência a alguém vai muito além de provocação em rede social. Desafetos, todos temos. Num mundo globalizado como o atual, em que se tem acesso a todo tipo de informações, programas e pessoas, é natural. Mas daí partir da crítica do não concordar para desejar que alguém seja estuprado, expondo tal vontade na internet, é a maior estupidez com a qual me deparei até o momento, como profissional, como cidadã, como mulher.


Refiro-me ao caso do professor de filosofia Paulo Ghiraldelli daUniversidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) que como votos para 2014 desejou o estupro da apresentadora do ‘SBT Brasil’, Rachel Sheherazade. “Votos para 2014: que a Rachel Sherazedo (sic) abrace, após ser estuprada, um tamanduá”, postou o filósofo em sua conta do Facebook, excluída logo após a vítima da agressão anunciar no Twitter que o processaria. “Liberdade de expressão termina onde começam calúnia, difamação, ameaça, incitação ao crime! vai aprender isso num tribunal!”, garantiu, sendo isto o máximo que a jornalista poderá fazer, afinal, não há outra forma de se defender de tamanha ofensa se não fazendo o pagar por danos morais, já que preso ele não será.

Quando tomei conhecimento do fato, por meio de e-mail de um superior me sugerindo a pauta para este sábado (28/12), passei por um misto de sentimentos. Raiva desse machismo doentio da nossa sociedade, que não nos permite como mulheres nos vestirmos, agirmos ou sermos como bem entendemos. Solidariedade para com a apresentadora, pois sempre tive o estupro como sendo a maior violência por que pode passar uma pessoa. Medo de um dia ser vítima. Vergonha alheia por parte desse professor. Pena de seus alunos.

Professores são mestres. É assim que os enxergo. Por isso os respeito. Outro motivo para a estranheza com que recebi o posicionamento de Paulo Ghiraldelli. O professor, que se gaba de ter escrito livros e possui título de pós-doutor no setor de medicina social da UERJ, como tema “Corpo – Filosofia e Educação”, se manifestou no Facebook e depois no Twitter de maneira baixa. Covardemente, excluiu sua conta. Depois, fez-se de vítima –– o que realmente é, mas de si mesmo. Disse que sua conta fora hackeada: “Minha conta foi usada por terceiros. Quero me explicar”. Sem saída, sem moral, pede desculpas, chegando à hipocrisia de alegar que excluiu seu Facebook em "respeito" à apresentadora que momentos antes difamava sem qualquer receio ou pudor, usando palavras de baixo calão que nada condizem com sua posição de pós-doutor. Depois pede mais desculpas, e frisa que pediu desculpas públicas, o que, supõe Paulo Ghiraldelli, deveria sensibilizar  a apresentadora a ter bom senso bom senso e rtirar o poste ofensivo dele contra ela do ar.

Paulo Ghiraldelli promoveu baixaria em rede social como se não fosse quem se apresenta ser. Pessoas curtiram seus posts, o que evidencia que ele não é o único a pensar de forma tão arcaica. Ao contrário do publicado anteriormente, o vídeo em que alunos leem um texto de reúdio ao professor, com cartazes em punho, não foi motivado pelo post destinado à Raquel Sheherazade, pois foi publicado em 18 de novembro. O protesto, entretanto, ocorreu por ofensas anteriores do professor a outras pessoas (assista vídeo, que teve mais de 70 mil acessos até este sábado, 28). O impediram de dar aula e com cartazes em punho e um orador selecionado para falar ao microfone demonstraram a Paulo Ghiraldelli a insatisfação de tê-lo como professor. O mestre sai aos gritos, de forma arbitraria toma o papel da mão do aluno, aponta-lhe o dedo na cara. Grita, grita e grita.

Quem prestará atenção em Paulo Ghiraldelli na posição de pós-doutor depois de sua atitude impensada de quem aparentemente nunca teve acesso à educação ou valores?

Publicações de Paulo Ghiraldelli 






















































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